4 de agosto de 2020

Além do impacto econômico para região, cancelamento da Expocrato afeta 250 pequenos produtores

(Foto: Fernanda Siebra/DN)
Movimentando meio milhão de pessoas em dez dias de evento dentro do Parque de Exposição Pedro Felício Cavalcanti, a Exposição Centro Nordestina de Animais e Produtos Derivados, a popular Expocrato, é um dos grandes impulsionadores da economia do Cariri.  Com a pandemia da Covid-19, o impacto econômico do cancelamento do evento, neste ano, é evidente para todos. No entanto, para os pequenos produtores, o efeito negativo é ainda muito maior. Associações participantes da Exposição estimam que cerca de 250 pequenos produtores foram impactados.

Dentro do Parque, há um engenho tradicional que, desde 2007 é comandando pela Associação de Moradores do Sítio Coité, Macena e Monte Castelo, que abrange cinco comunidades rurais de Barbalha. Lá dentro, 30 agricultores trabalham na produção de derivados da cana de açúcar como o caldo, rapadura e alfenim. Porém, esse comércio em apenas dez dias de evento também envolve outras 150 pessoas, como agricultores e transportadores.  

O agricultor e líder da associação, Francisco Antônio Bernardo, 59, o ‘Seu Novo’, explica que além do trabalho no engenho, a cana e a lenha é toda comprada a trabalhadores associados, que no total dá 180 pessoas. “A garantia  de renda sempre foi a exposição”, lamenta. Com o apurado distribuído entre todos, cada um chega a conseguir, em pouco mais de uma semana, mais de um salário mínimo.  

O impacto não é diferente para 11 famílias do Sítio Malhada, do Assentamento São Silvestre, que coordena a casa de farinha dentro do Parque Pedro Felício Cavalcanti. A produção de derivados da mandioca, como tapioca, beiju, goma, farinha, entre outros, envolve cerca de 60 pessoas da Associação Padre Frederico. “Essas pessoas não trabalham só oito ou dez dias de evento. É um trabalho de um ano inteiro”, conta o presidente da associação, o agricultor José Ferreira, de 50 anos.  

Ao todo, José estima que deixa de ser injetado R$ 50 mil na renda destas famílias. “Isso [montante] era investido na comunidade. O pessoal até fazia umas compras antecipadas confiando neste lucro”, detalha. Além das famílias da comunidade, o impacto é sentido nos fornecedores de coco, sacolas e até mesmo na propaganda. “Todo mundo deixa de ganhar dinheiro”, completa o líder da associação.  

O efeito negativo não é maior porque, além da mandioca, a comunidade também trabalha com criação de animais e agricultura de sequeiro, sobretudo na produção de fava, milho e amendoim, este último também era utilizado na casa de farinha durante a Expocrato. 

Com informações do Diário do Nordeste

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