23 de agosto de 2020

'Foi um filme de terror mesmo', diz morador sobre rompimento de tubulação em Jati

(Foto: Lorena Tavares/SVM)

A noite desta sexta-feira (21) foi de medo para José Adauto, morador de Jati, no interior do Cariri. Ele presenciou o rompimento da tubulação da barragem que recebe as águas da Transposição Rio São Francisco. "Foi um susto grande, ontem foi um filme de terror mesmo. Coisa feia, horrível, nunca vi na minha vida uma coisa daquela", conta o comerciante.

José Adauto, de 50 anos, conta que os moradores começaram a perceber o vazamento por volta de 17h. Ele estava em casa, quando foi avisado por vizinhos do rompimento. "Começou o corre corre, todo mundo correndo, o povo alarmando 'a barragem estorou, estorou, estorou", relata.

O comerciante conta que antes de ir para uma área mais alta da cidade, foi até o local do vazamento. "Era muita água, era coisa feia. Tinha uma casinha embaixo, a água levou a casa, levou o poste, levou tudo", descreve.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Regional, duas mil pessoas foram evacuadas dos arredores da barragem. A evacuação foi feita com pessoas que moram a até 2 km da barragem, conforme o ministério. A medida está prevista no Plano de Ação Emergencial (PAE) do empreendimento.

Segundo o coronel Luís Eduardo Soares de Holanda, comandante geral do Corpo de Bombeiros, que está na cidade para acompanhar a situação, cerca de 160 famílias saíram de suas residências. A maior parte dos moradores foi para a casa de amigos e parentes, e alguns foram levados para equipamentos públicos.

"A gente vai avaliar ainda a necessidade de retirada daquela comunidade mais próxima à barragem, mas sob um caráter absolutamente preventivo. Não tem uma situação crítica no que se refere à segurança do equipamento”, explica o coronel.

A área ao redor da barragem, em um raio de 2 km, foi isolada e só é permitida a presença de técnicos e membros do ministério. Uma reportagem do Diário do Nordesde está no local local e presenciou a intensa movimentação de caminhões com materiais de construção e de carros de polícia.

Devido ao risco de a barragem estourar, José levou filhos, netos e alguns amigos para a outra casa da família em Jati. Ele afirma que não pretende voltar a morar em sua casa próxima à barragem devido ao medo.

"O susto foi grande. Ainda hoje to me tremendo. Nunca imaginei que ia acontecer", ressalta.

O aposentado José Cândido de Oliveira foi um das pessoas que Adauto levou para a casa. Diferentemente do amigo, Cândido conta que já imaginava que um acidente na barragem poderia ocorrer. "Eu falava que não sabia, porque quem sabe é Deus, mas que essa barragem aí é perigo. Se não correr, morre", afirma.

Ele estava em casa, jantando, quando foi avisado do vazamento. O aposentado conta que só conseguiu pegar seus documentos e sua sanfona, antes de sair de casa. "Eu tenho 75 anos, mas eu tenho muito medo", relata Cândido.   
 

Com informações do Diário do Nordeste

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