5 de março de 2022

Estudo aponta que 88% dos fósseis da Chapada do Araripe estão no exterior


De todos os fósseis analisados na pesquisa, todos os materiais são holótipos, ou seja, são fósseis utilizados para descrever novas espécies (foto: TATIANA FORTES)  

Um estudo publicado na revista científica Royal Society Open Science, nessa quarta-feira, 2, aponta que 88% dos macrofósseis do Cretáceo caririense, da Chapada do Araripe, no Ceará, descritos entre 1990 e 2021, estão em coleções estrangeiras. O dado é da pesquisa "Cavando mais fundo nas práticas paleontológicas coloniais no Brasil e México modernos”.

O levantamento foi feito por 13 pesquisadores que apontaram que as práticas colonialistas aprofundam as desigualdades globais na pesquisa. Entre os autores do artigo, estão Juan Cisneros, paleontólogo na Universidade Federal do Piauí (UFPI), Emma M. Dunne, paleobiologista da Univerisdade Birmingham, no Reino Unido, e mais cinco paleontólogos do Brasil; três pesquisadores mexicanos e quatro paleontólogos da Alemanha e do Canadá.

A professora da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) e curadora do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, Flaviana Lima, uma das autoras do estudo, comentou sobre a pesquisa em entrevista ao jornalista Farias Júnior, da rádio CBN Cariri, nesta sexta-feira, 4. Segundo Flaviana, a pesquisa buscou saber, principalmente, quantos fósseis da região do Cariri estavam fora do local de origem.

Ainda conforme a pesquisadora, após analisarem três décadas de publicações paleontológicas envolvendo macrofósseis do Cariri, eles identificaram que 59,15% delas foram lideradas por pesquisadores estrangeiros. E a maioria (57,14%) desses estudos gringos não tinham parceria com pesquisadores brasileiros. “O que nós descobrimos analisando todos esses trabalhos de 30 anos é que nós vimos que existem práticas colonialistas”, disse.

De todos os fósseis analisados nas pesquisas, 88% foram retirados do Brasil para compor acervos estrangeiros e nenhum deles foi devolvido. Flaviana ainda explica que o cenário fica pior pelo fato de todos esses materiais serem holótipos, ou seja, são fósseis utilizados para descrever novas espécies.

Com informações de OPOVO

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