12 de novembro de 2020

Aquífero do Cariri apresenta queda significativa em dez anos

(Foto: Antônio Rodrigues/DN)

Segundo dados da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), em Juazeiro do Norte, a quantidade de clientes saltou de 79.764 para, 95.869, aumento de 20,19% nos últimos cinco anos. Já no Crato, nos últimos 10 anos, a Sociedade Anônima de Água e Esgoto (Saaec) aponta que saiu de 26.136 para 37.703 consumidores, crescendo 44,25%. Os números mostram a alta demanda no Cariri, que é, em sua maioria, abastecido por águas subterrâneas.

Dos 24 poços monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), em oito municípios, apenas dois não apresentaram queda no nível estático, entre 2009 e 2019.

No comparativo entre este intervalo de dez anos, o rebaixamento é significativo em poços, principalmente em locais operados por companhias de saneamento e em áreas irrigadas. No geral, os poços tiveram rebaixamento médio de 5,1 m, com 0,18 m de mínimo e 14,20 m de máxima, e 3,72 m de mediana. As maiores quedas, segundo o Boletim de Monitoramento dos Poços com Datalogger no Cariri, aconteceram em Missão Velha, localidade produtora de banana.

Segundo a gerente de Estudos e Projetos da Cogerh, a hidrogeóloga Zulene Almada, há preocupação principalmente em áreas de maior uso, apesar de estar dentro do esperado. "Isso pode mudar com o tempo, devido à complexidade sedimentológica e estrutural da Bacia do Araripe", reforça.

O monitoramento é formado por estações (dataloggers), compostas por sensores que registram os dados de nível e os armazena na memória a cada dez minutos. Os sensores são alojados em tubos-guia, que estão instalados nos poços. Cada estação acumula os dados coletados mensalmente pelos técnicos. Os dados de 2020, onde as precipitações foram melhores, ainda não foram incluídos.

Segundo a Companhia, a distribuição da rede de monitoramento procurou representar os aquíferos Rio da Batateira e Missão Velha, que formam o sistema aquífero Médio, e o aquífero Mauriti, seguindo a ordem de importância socioeconômica da água. "A distribuição obedece a oferta e a demanda", explica a gerente. "Temos uma concentração de estações na região do Crajubar (Crato, Juazeiro e Barbalha), e zonas irrigadas em Missão Velha e Mauriti".

Recuperação discreta

Apenas dois poços no Crato, um no Sítio Alto e outro na Secretaria de Agricultura, mostraram recuperação nos últimos dez anos, de 1,46 m e 5 m, respectivamente. A análise também aponta sete poços com recuperação no nível da água: Abaiara, Barbalha, Crato (2), Juazeiro do Norte, Milagres e Missão Velha.

Porém, a recarga média foi de 0,5 m, entre abril e janeiro de 2019. "A recuperação refere-se à flutuação ao longo da série temporal de 10 anos, o que não quer dizer que não existam variações negativas entre os anos. A recarga é totalmente dependente da precipitação pluviométrica", enfatiza Zulene Almada. 

Com informações do Diário do Nordeste

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